quarta-feira, agosto 08, 2007

Depoimento do público

É isso. Eu saí do espetáculo com vontade de fazer teatro. "É isso", eu me dizia. "Esse é o caminho", não parava de pensar. Passei a noite inteira ontem embalando a Olívia e fazendo contas: de quanto eu preciso pra sobreviver? "Se eu fosse eu", o que faria da minha vida AGORA? O que estou fazendo da minha vida? Qual a minha busca? Onde está, ao menos, a minha verdade? Até onde devo ir? Até onde eu sou eu? Até onde eu sou os outros? O inferno é os outros? Perguntas, perguntas, perguntas Fui ver no sábado. Um friiiiiio. Doze pessoas na sala. Parecia que tinha 120. Tem magia aí. Ah, se tem! Tem gente por trás daqueles atores mexendo com alquimia. Não é possível! Sinceridade, simplicidade verdadeira, permeabilidade, disponibilidade,risco. Tava tudo ali. Tudo isso real e possível. Mas o que havia de extremamente digno era o esforço. O esforço de estar e de buscar overdadeiramente simples. Ninguém ficava fingindo ser simples. A transformação dos atores, a capacidade de, através dos seus corpos e vozes,mostrar o caleidoscópio do ser humano, a polifonia da alma... que dignidade! Havia mais do que Clarice ali. Ela certamente teria aprovado a proposta com muita comoção e entusiasmo. Porque através dela os atores nos levaram a nós mesmos, que é tudo aquilo que o artista quer: ser veiculado pelo intérprete, para que haja o ENCONTRO de mim para comigo mesmo. Não é por isso que a gente busca a arte? Ali, naquele sábado frio, numa sala pequena, durante uma hora, eu pude me achar e me encontrar e me perder novamente numerosas vezes, com a diferença de que, junto (JUNTO!) com os atores, eu VIA que me perdia. E Isso já é um ganho impagável.
Que alento essa Cia Simples!
Bjs.
Marcelo Gomes
Editora SENAC
Elaboração de material didático
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